Influência Geomorfológica do Maciço Calcário Estremenho na Distribuição da Vegetação

Santos, C.; Jesus, N.; Marques, B.; Santos, R.

Palavras-chave: Maciço Calcário Estremenho; biodiversidade; factores edáficos; Parque Natural das Serras d’ Aire e Candeeiros; geomorfologia.

A escola Instituto Educativo do Juncal faz parte do concelho de Porto de Mós que se encontra inserido no Maciço Calcário Estremenho. Essa região engloba uma importante Área Protegida, o Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros (PNSAC), de características únicas no nosso país. O tipo de vegetação e a forma como se distribui pelas diversas áreas do Maciço Calcário Estremenho é decorrente de diferenças ao nível geomorfológico, topográfico e climático. Pretende-se, assim, relacionar as características em termos edáficos e geológicos desta região onde o calcário impera, com forma com a vegetação se adaptou a peculiares condições.

O Maciço Calcário Estremenho, datado do Período Jurássico (cerca de 160 Milhões de Anos), formou-se através da precipitação de substâncias dissolvidas na água, principalmente carbonato de cálcio (CaCO3). Os materiais que constituem o maciço emergiram devido às movimentações tectónicas provocadas por falhas formando uma cadeia montanhosa que compreende, actualmente, as Serras d’ Aire e Candeeiros. Após a sua emersão, o maciço esteve exposto a diversos agentes erosivos (como a água, o vento e os seres vivos). Os habitats cársicos são considerados peculiares e dinâmicos, mas frágeis em acções antrópicas em especial quando há exploração de recursos.

Relativamente ao PNSAC, este encontra-se sujeito a problemas ambientais relacionados com a actividade agro-silvopastoril, destacando-se a erosão dos solos por práticas agrícolas e florestais inadequadas, os incêndios florestais, a colheita de espécies vegetais ameaçadas, a plantação de eucaliptos e de outras espécies exóticas ou inadaptadas à região, o abandono dos terrenos agrícolas, a poluição dos aquíferos, nomeadamente pelas suiniculturas e industrias de curtume.

Os factores antrópicos mencionados exercem pressão ao nível dos ecossistemas naturais e colocam em causa a sua biodiversidade. Dessa enorme diversidade florística destacam-se as orquídeas que partilham com outras espécies principalmente terrenos secos e calcários. Portugal constitui um dos últimos redutos onde muitas espécies de orquídeas europeias podem crescer em condições naturais.

No PNSAC existem 21 espécies de orquídeas, sendo de salientar que a aplicação de técnicas de cultivo tradicionais tem permitido a subsistência simultânea das suas populações. Infelizmente, tal como acontece com muitas outras espécies, as orquídeas portuguesas têm sido afectadas pelas mudanças nas técnicas agrícolas verificadas nos últimos anos, o que tem conduzido a uma regressão das áreas naturais e semi-naturais à medida que os terrenos são utilizados para exploração agrária intensiva e para a plantação de eucaliptais e pinhais. A metodologia utilizada compreenderá a pesquisa bibliográfica e o levantamento fotográfico de um conjunto de espécies vegetais características dos diferentes habitats em estudo.

A área estudada tem sido devastada por incêndios sucessivos, pelo que a comunidade vegetal se encontra em processo de sucessão ecológica não se encontrando espécies arbóreas, mas apenas herbáceas e arbustivas, o que possibilitou a observação de vegetação característica de espaços abertos. Além disso, é de salientar o facto da maioria das plantas florescer entre Abril e Junho e o levantamento florístico ter sido realizado no início de Março, o que dificultou a identificação.

A manutenção das populações vegetais está directamente relacionada com a população numerosa de polinizadores, para que se possa garantir o intercâmbio genético entre plantas e, em consequência, se manter a diversidade biológica. Toda esta teia alimentar está, em última instância, relacionada com tipo de substrato que permite a sua sustentação.

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