Arquipélago das Berlengas – Conhecer para preservar

Malhado, S.; Carvalho, C.J.V; Rosa, M.F.; Ferreira, R.L.; Raposo, V.F.

Palavras-chave: Geodiversidade; Biodiversidade; formação geológica; Berlengas.

O arquipélago das Berlengas (fig.1), constituído Reserva Natural, situa-se aproximadamente a 15 km de Peniche e inclui três grupos de ilhéus: Berlenga Grande, Estelas e Farilhões (fig.3c). A Berlenga Grande ocupa 2/3 da superfície do arquipélago, sendo a única ilha habitada. Em termos litológicos a Berlenga Grande (fig.3a) e as Estelas são constituídas basicamente por granitos porfiróides róseos, enquanto os Farilhões são constituídos por rochas metamórficas, nomeadamente, gnaisses e xistos.

Durante o período compreendido entre os 220 e os 140 Ma, dá-se a abertura da Bacia Lusitânica associada à evolução do Oceano Atlântico. Nesse momento houve o levantamento do horst da Berlenga devido à distensão da crusta terrestre adelgaçada pela instalação de uma pluma de magma oriunda do interior da Terra, nas fases precoces de abertura do Atlântico Norte. Foi nesse contexto que a formação das Berlengas teve início. A fragmentação da Pangea deu origem ao afastamento da América do Norte em relação à Península Ibérica, o qual afectou as Berlengas, localizadas na margem continental. A ilha da Berlenga é constituída por granitos porfiróides (com cristais de grandes dimensões e de forma bem definida no seio de uma matriz mais fina de feldspato de cor rosada, quartzo e biotite), resultantes de magma que arrefeceu em profundidade. Já os Farilhões, constituídos por gnaisses e xistos, resultam de pressões e esforços tectónicos que actuaram nas rochas. O afloramento destes materiais rochosos, de origem muito antiga, desencadeou a intensa fracturação estabelecendo-se uma rede de falhas NNW-SSE e WNW-ESE. A alteração química dos granitos intensificou-se ao longo das antigas falhas, gerando grutas e túneis, dando a estas ilhas a forma tão particular que hoje as caracteriza (fig.3).

Apesar da Berlenga Grande ocupar 2/3 da superfície do arquipélago (fig. 1 e 3A e 3B) e ser a única ilha habitada, as ilhas Estelas (fig. 3C) e Farilhões apresentam, juntamente com a ilha principal, um importante e rico habitat para as mais variadas espécies. Algumas delas são endémicas, concretamente as espécies vegetais Armeria berlengensis (fig.4A), Herniaria berlengiana e Pulicaria microcephala, as quais apresentam características únicas, pois o isolamento da ilha e as especificidades da Berlenga conferiram-lhes características marcadamente diferentes das plantas do continente. Na Berlenga Grande foram inventariadas mais de uma centena de espécies vegetais, de porte herbáceo e arbustivo. A ausência de espécies arbóreas explica-se pela falta de solo e pelos ventos fortes carregados de sal.

Quanto à fauna das Berlengas podem ser encontrados animais como répteis, mamíferos e aves. No entanto, a população de gaivota-argêntea (fig. 4) é tão elevada que tem interferido na dinâmica das outras espécies que colonizam a ilha. Por outro lado, os mil hectares que envolvem o arquipélago das Berlengas, talvez sejam as águas biologicamente mais ricas do litoral Português, encontrando-se peixe e moluscos que servem de alimento às inúmeras aves que nidificam nas ilhas.

As ilhas constituem um importante e rico habitat para as mais variadas espécies, algumas delas endémicas, concretamente as espécies vegetais Armeria berlengensis, Herminiaria berlengiana e Pulicaria microcephala, as quais apresentam características únicas devido ao isolamento relativamente ao continente. (fig.4)

Agradecimentos: Professora Sandra Marcelino que nos forneceu as fotografias para elaborarmos o trabalho.

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Comments
One Response to “Arquipélago das Berlengas – Conhecer para preservar”
  1. Gostei muito desta visão mais histórica da ilha 🙂

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